Brasil ocupa 2º lugar no cultivo de transgênicos no mundo




O Brasil ultrapassou a Argentina e se tornou o segundo maior produtor mundial de transgênicos, "perdendo" apenas para os Estados Unidos. Segundo o ranking anual do Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA, na sigla em inglês), divulgado nesta terça-feira (23/2), o país cultivou 21,4 milhões de hectares de grãos geneticamente modificados em 2009, um crescimento de 35,4% e de 5,6 milhões de hectares em área plantada em relação a 2008.

Segundo o estudo, é a maior expansão entre os 25 países produtores de transgênicos. O crescimento da lavoura de transgênicos foi encabeçado pelo milho Bt (resistente a insetos), cujo cultivo pelos agricultores teve início em 2008. No ano passado, o Brasil plantou 5 milhões de hectares do milho geneticamente modificado, sendo que a expansão da área cultivada foi de 3,7 milhões de hectares - 400% a mais que em 2008.

Além do milho, o Brasil cultivou no ano passado 16,2 milhões de hectares de soja geneticamente modificada e 145 mil hectares de algodão com essas características. Juntas, as três lavouras representam 16% dos 134 milhões de hectares cultivados com transgênicos em todo o mundo.


(Envolverde/Adital)

Ambiente: Uma nova oportunidade


Por Marcela Valente


Nusa Dua, Indonésia, 25/2/2010 – Dois meses depois da fracassada conferência sobre mudança climática em Copenhague, a comunidade internacional se reúne na Ilha de Bali, na Indonésia, para discutir sobre biodiversidade e ecossistemas, promover a economia ecológica e avançar em reformas institucionais. Representantes de mais de 130 países, em sua maioria ministros do Meio Ambiente, abriram ontem a XI Sessão Especial do Conselho de Administração do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e Fórum Ambiental Mundial em Nível Ministerial, para analisar as mudanças institucionais necessárias para facilitar acordos e alcançar mais efetividade diante dos desafios da agenda ambiental.

O Fórum e o Conselho estarão reunidos até amanhã no centro turístico de Nusa Dua, onde também foi convocada uma sessão simultânea e extraordinária da Conferência das Partes dos três convênios que regulam o manejo de químicos perigosos. A conferência simultânea, prévia ao fórum ministerial, terminou ontem com um acordo das secretarias dos convênios de Estocolmo, Basiléia e Roterdã para trabalhar de forma coordenada em nível internacional, regional e nacional. Para o Pnuma, foi um modelo de sinergia que deve ser seguido por todo o sistema.

Na abertura do Fórum o ministro do Meio Ambiente da Sérvia, Oliver Dulic, que atuou como presidente do Conselho, disse que a reunião “permitirá que se enfrente os desafios e a preparação para a Conferência de Desenvolvimento Sustentável de 2012, no Rio de Janeiro”. Essa cúpula, conhecida como Rio+20, em referência aos 20 anos do primeiro encontro no Brasil, deverá ser o ponto de chegada para o processo de reformas. “A janela da oportunidade se fecha”, disse aos ministros o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, em carta lida na abertura da sessão. Dulic, por sua vez, apelou para que “todos sejamos flexíveis, construtivos e apresentemos ideias inovadoras com resultados concretos que respondam às demandas dos cidadãos”.

O presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, que participou como anfitrião da abertura do encontro, pediu aos ministros que dessem “um grande mandato ao Pnuma e aos fundos para sua realização. Temos de chegar ao Rio com uma ONU mais coerente, mais forte e efetiva”, afirmou. Antes do encontro de ministros, também houve o Fórum da Sociedade Civil, que convocou representantes de organizações de todas as regiões e de grupos como acadêmicos, científicos, camponeses, empresariais, sindicatos, organizações ambientais, de mulheres, de indígenas, entre outros.

As organizações intercambiaram propostas e conseguiram o documento comum com iniciativas que levaram ao Conselho. “É um grande acordo, é a primeira vez em muito tempo que conseguimos isso”, disse à IPS a argentina Cecilia Iglesias, da Rede Ambiental e representante do grupo regional latino-americano. O fórum social expressou sua preocupação com as barreiras que travam sua participação, como falta de fundos ou o acesso tardio aos documentos discutidos pelos ministros. “Para poder incidir de verdade, não basta assistir ou participar de uma cúpula, é necessário discutir a agenda antes, e depois fazer o acompanhamento”, reclamou Iglesias.

Também pediram participação mais ativa na discussão sobre economia ecológica, conservação da biodiversidade e políticas de manejo dos ecossistemas, e reclamaram maior envolvimento nos preparativos da Rio+20 para garantirem que suas vozes sejam ouvidas. A economia ecológica é uma iniciativa do Pnuma para avançar rumo a um modelo de produção menos dependente dos combustíveis fósseis e mais vinculado às energias renováveis, com boas práticas no manejo da terra e maior valorização do “capital natural”.

O economista indiano Pavan Sukhdev, que lidera o projeto de Economia Ecológica do Pnuma, explicou à IPS que capital natural não é apenas recursos para a produção. “É uma fonte de serviços proporcionados pelos ecossistemas limpando o ar ou regulando a água para evitar secas e inundações”, afirmou. A iniciativa foi lançada pelo Pnuma em 2008, em resposta à crise financeira internacional e está baseada na premissa de que os investimentos ambientais geram novos empregos e permitem alcançar múltiplos objetivos relacionados com a mudança climática e a preservação da biodiversidade. Os presentes em Bali analisarão os princípios desta nova economia, com vistas a incluir este modelo como novo paradigma de desenvolvimento na cúpula Rio+20.



(IPS/Envolverde)

Novas tecnologias podem virar o jogo da energia limpa

Escrito por DCOM
Ter, 20 de Outubro de 2009 01:17
Tradução do artigo de Michael Totty, The Wall Street Journal, de San Francisco

É um objetivo muito difícil: nas próximas décadas o mundo terá que se libertar da sua dependência dos combustíveis fósseis e reduzir bem os gases de efeito estufa. As tecnologias atuais só podem nos levar até certo ponto; são necessários avanços revolucionários Eis um resumo de quatro tecnologias que, se derem certo, podem mudar radicalmente o cenário energético mundial Nada garante o sucesso, é claro. Essas tecnologias apresentam difíceis desafios de engenharia e algumas exigem grandes saltos científicos.

E as inovações têm que ser implementadas a um custo que não torne a energia muito mais cara. Se der para conseguir tudo isso, qualquer uma destas tecnologias pode virar o jogo. Energia solar baseada no espaço Há mais de três décadas, visionários já imaginam captar a energia solar onde o sol sempre brilha - no espaço. Se desse para colocar painéis solares gigantes em órbita em torno da Terra, e enviar para a Terra até mesmo uma fração da energia disponível, eles poderiam abastecer qualquer lugar do planeta, ininterruptamente. Essa tecnologia pode parecer ficção científica, mas é simples: painéis solares em órbita, a cerca de 35.000 quilômetros da Terra, enviam energia sob a forma de microondas para o solo, onde ela é transformada em eletricidade e conectada à rede elétrica. (Esses raios de baixa potência são considerados seguros.) Uma estação receptora em terra, com 1.600 metros de diâmetro, poderia produzir cerca de 1.000 megawatts - o suficiente para alimentar cerca de 1.000 residências nos Estados Unidos O custo de enviar esses coletores solares ao espaço é o maior obstáculo; assim, é necessário projetar um sistema leve o bastante para exigir apenas alguns lançamentos.

Um punhado de países e empresas tenciona implementar a energia solar baseada no espaço dentro de cerca de dez anos. Baterias melhores para veículos Carros elétricos podem reduzir radicalmente o uso do petróleo e ajudar na despoluição do ar (se a energia elétrica adotar combustíveis de baixa emissão de carbono, como o vento ou a energia nuclear). Mas é necessário haver baterias melhores. As baterias de íon de lítio, comuns nos laptops, são as favoritas para os veículos elétricos e híbridos do tipo "plug in", que podem ser carregados numa tomada comum. Elas têm mais potência do que as baterias comuns, mas são caras e ainda não conseguem muita quilometragem por carga; o Chevy Volt, híbrido plug-in da GM que chega ao mercado no próximo ano, pode rodar cerca de 65 quilômetros só com a bateria. O ideal é que o carro elétrico alcance perto de 650 quilômetros por carga. Embora as melhorias sejam possíveis, o potencial das baterias de íon de lítio é limitado.

Uma alternativa, a bateria de lítio e ar, promete um desempenho dez vezes superior às de íon de lítio e poderia gerar a mesma quantidade de energia que a gasolina em relação ao seu peso. Como a bateria de lítio-ar suga oxigênio do ar para se carregar, ela pode ser menor e mais leve. Há um punhado de laboratórios trabalhando nessa tecnologia, mas os cientistas crêem que sem uma descoberta revolucionária, ainda podem se passar dez anos até a comercialização. Armazenamento de eletricidade Todo mundo está torcendo pelo sucesso da energia eólica e solar. Mas para o vento e o sol fazerem diferença, eles precisam de melhor armazenamento. Uma maneira em estudo utiliza a energia produzida quando o vento está soprando para comprimir o ar em câmeras subterrâneas; o ar então vai para turbinas movidas a gás, fazendo-as funcionar com mais eficiência. Um dos obstáculos: encontrar grandes cavernas utilizáveis. Ou então, baterias gigantes podem armazenar a energia do vento, mas algumas tecnologias já existentes são caras, e outras não são eficientes. Embora novos materiais para melhorar o desempenho estejam em estudo, grandes saltos tecnológicos não são prováveis. A tecnologia de íon de lítio pode ser a mais promissora para o armazenamento na rede elétrica, onde não enfrenta tantas limitações como nas baterias para carros.

À medida que o desempenho melhora e os preços baixam, as elétricas poderiam distribuir baterias de íon de lítio na periferia da rede elétrica, mais perto dos consumidores. Ali poderiam armazenar o excesso de potência gerado pelas fontes renováveis e ajudar a compensar as pequenas flutuações de potência, reduzindo a necessidade de usinas de reserva movidas a combustíveis fósseis. Biocombustíveis do futuro Uma maneira de acabar com a dependência do petróleo é utilizar fontes renováveis de combustível para o transporte. Isso significa uma nova geração de biocombustíveis feitos a partir de fontes não-alimentícias. Os pesquisadores estão projetando novas maneiras de transformar restos de madeira e de várias colheitas, lixo e plantas não-comestíveis em combustíveis de preço competitivo. Porém a maior promessa vem das algas. As algas crescem depressa, consomem dióxido de carbono e podem gerar mais de 19.000 litros anuais por 4.000 m2 de biocombustível, comparados com 1.320 litros anuais provindos do etanol de milho. O combustível baseado em algas pode ser acrescentado diretamente aos sistemas já existentes de refino e distribuição; em tese, os EUA poderiam produzir o suficiente para atender a toda a necessidade de transporte do país. Mas ainda é cedo. Dezenas de empresas já iniciaram projetos pilotos e produção em pequena escala. Mas produzir biocombustíveis de algas em quantidade significa encontrar fontes garantidas de água e nutrientes a preço acessível, controlar os agentes patogênicos capazes de reduzir a produção e desenvolver e cultivar as cepas de algas mais produtivas.

Fonte: Jornal Valor Econômico